Crise ou Bonança?

Created by potrace 1.16, written by Peter Selinger 2001-2019
Cadernos do GREI nº12

CADERNOS

do GREI

O objetivo do presente trabalho é o de analisar alguns conceitos psicológicos sobre o desenvolvimento que têm influenciado o perspetivar da adolescência enquanto fenómeno normativo. Especificamente, aborda-se o desenvolvimento na adolescência enquanto fenómeno psicossocial, questionando o conceito de crise normativa nesta fase, com vista a uma perspetiva mais integradora e compreensiva dos contributos teóricos clássicos e contemporâneos sobre este período.

Cada jovem adolescente desenvolve-se segundo um esquema de crescimento exclusivo dele, que é a chave da sua individualidade (…).
A individualidade está sempre em construção (…) porque o tempo e o crescimento são inseparáveis.
Na poética linguagem de Shakespeare, o tempo é a ama de leite (…) a genitora que modela.
Arnold Gesell
in O jovem dos 10 aos 16 anos (1956)

Perspetivas clínicas sobre o desenvolvimento na adolescência.

A procura de leis universais que expliquem o desenvolvimento humano tem conduzido diversos autores a assumirem a falta de uma grelha conceptual que faça convergir as diversas teorias que procuram explicar o desenvolvimento (e.g.,Schulenberg, Maggs, Steinman e Zucker, 2001; Dubas, Miller & Petersen, 2003; Steinberg&Lerner, 2004). Aliás, como Schulenberg e outros (2001) salientaram, subsistem diferenças nas diversas assunções filosóficas sobre a natureza e a criação humana e discordâncias sobre o próprio significado do desenvolvimento. Por sua vez, Steinberg e Morris (2001) criticaram o estudo científico da adolescência, considerando-o como uma “colecção de mini teorias destinadas a explicar apenas pequenas peças de um contexto mais vasto” (p. 388).

Ao debruçarmo-nos sobre as teorias que procuram explicar o desenvolvimento, não podemos deixar de referir o clássico debate sobre a importância de variáveis biológicas e de variáveis ambientais. Apesar da importância dos fatores genéticos no desenvolvimento humano, são vários os fatores sociais e contextuais que contribuem de forma direta ou indireta para as continuidades e para as mudanças que ocorrem ao longo do ciclo vital (Hetherington& Martin, 1986).

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