Resiliência e Profissionalidade

Created by potrace 1.16, written by Peter Selinger 2001-2019
Cadernos do GREI nº18

CADERNOS

do GREI

Face aos múltiplos desafios colocados pela sociedade atual, a profissionalidade docente tornou-se uma temática controversa onde confluem olhares díspares que, todavia, admitem a importância da construção do professor. Neste contexto, é necessária uma reflexão que considere a maturidade enquanto fator de competência e contribua para uma perspetiva que assume a resiliência como um novo objetivo para a profissão docente.

Um novo tipo de professor, um novo estilo de acção e relação educativa são exigidos por novos contextos sociais e culturais, por novos interesses e atitudes juvenis.
Cada vez se tornará mais difícil ao professor [ser] provedor de um saber que não dá resposta às curiosidades mais vivas e às perplexidades mais fundas (…).
Rui Grácio in Os professores e a reforma do ensino (1973)

A competência do professor enquanto contributo para uma nova perspetiva.

Os professores enfrentam, hoje em dia, permanentes desafios que abalam a sua  profissionalidade pois que, nas circunstâncias em que exercem a sua ação, se confrontam com dilemas de diversas origens que os podem levar ao desapontamento, quaisquer que tenham sido as causas que lograram as suas expectativas: seja por não se sentirem competentes, pelo facto de trabalharem em condições deficientes ou por temerem a precariedade. Difíceis são os obstáculos que têm que superar, tanto mais que a desvalorização social de uma profissão que exige grande empenhamento e elevado compromisso pessoal é esgotante e requer muita disponibilidade da sua parte.

Diversos são os motivos da sua insatisfação e muitos os fatores que a motivam. À crise de valores e de autoridade que afetou as representações do professor, de pais, alunos – e mesmo da comunidade em geral –, associam-se outros, como a razão inversa entre a complexificação
dos pré-requisitos para aceder à carreira e o menosprezo de uma profissão continuamente desvalorizada nos últimos quarenta anos que,  curiosamente, no nosso país, assistiu a uma crescente democratização do sistema educativo no século passado, precisamente a partir
da década de setenta.

Todavia, esta maior abertura da escola à sociedade, em vez de redundar em felicidade e de ser vista como a solução dos anseios dos docentes, não travou o seu desânimo, talvez porque estes profissionais continuem confundidos numa interminável encruzilhada de medidas avulsas,  contraditórias ou desarticuladas, em que se foram perdendo, inseguros do que deles se esperava, desorientados no meio das constantes reformas – quer estas consubstanciassem mudanças súbitas ou exigências graduais –, não raramente descontínuas, pouco fundamentadas e com uma deficiente coerência interna.

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