CADERNOS
do GREI
A Educação para a Paz é sem dúvida uma das grandes preocupações deste milénio, dado que um dos desafios mais importantes da humanidade passa por escolher os meios capazes para alterar atitudes, valores e comportamentos de forma a promover a construção de uma cultura de paz e de resiliência que permita eficazmente ultrapassar as adversidades que surgem no dia-a-dia.
Com mãos se faz a paz se faz a guerra, com mãos tudo se faz e se desfaz (…).
E cravam-se no Tempo como farpas, as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor, cada cidade. Ninguém pode vencer estas espadas: nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre in O Canto e as Armas (1967)
Importância de promover os pilares da resiliência educacional.
Num cenário mundial em que se intensificam as questões de de-sigualdade social, de violência e guerra torna-se imperioso pensar numa educação que contemple os desafios do futuro. Na sua ação a UNESCO procura disseminar uma cultura de paz que permita acelerar o processo de cidadania. Partindo do pressuposto que a violência persiste com no-vas faces, defende-se que a “conquista da paz pressupõe, entre outras conquistas, o direito à educação” (Noleto, 2003, p.145).
Consubstanciando este desiderato, a educação deve promover o desenvolvimento da personalidade humana e o fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais. Uma política de educação para todos deve promover a compreensão, a tolerância e a amizade entre as nações, grupos religiosos e raciais. Segundo Delors (1993, p.82) a educação deve “dotar a humanidade da capacidade de dominar o seu próprio desenvolvimento” e permitir que “cada um tome o seu destino nas mãos e contribua para o progresso da sociedade em que vive, baseando o desenvolvimento na participação responsável dos indivíduos e as comunidades”.